Vamos à terceira parte da entrevista!

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Editor Entrevista: Dando continuidade à nossa entrevista: Hiago, você pode nos responder por que criou o site O Literático e a comunidade poética: Poesistas?

Hiago Rodrigues Reis de Queirós: O Literático é um site para escritores, onde qualquer autor que tiver um texto bom sobre como melhor escrever, pode publicar. Ou seja: é um site feito por várias pessoas com um único objetivo: ajudar quem quer aprender a escrever melhor... e isso envolve tudo: desde o conhecimento técnico até o empirista.... do sentimental ao motivador, O Literático é um site para convencer pessoas com boas idéias e sentimentos profundos a por tudo no papel.

Já a Poesistas é a união dos melhores poetas e poetisas que aí pelos cantos da internet estão, com seu talento, surpreendendo  vários e ilhados tipos de leitores. Reuni gente boa, que leva a poesia a sério e que pretende, junto de colegas, mostrar ao público que a poesia brasileira não é bobagem. Sou o organizador, mas quem faz estes dois projetos acontecerem são os interessados em literatura... e se vocês forem analisar bem, verão que tive realmente muita compreensão destes "verdadeiros amigos", que acreditaram na idéia de um rapaz de 19 anos.

Editor Entrevista:  Você acreditaria em um rapaz de 19, se fosse um destes poetas?

Hiago Rodrigues Reis de Queirós:  Se esse rapaz fosse Hiago Rodrigues Reis de Queirós sim, mas se fosse qualquer outro jovem, acho que pensaria que ele está apenas brincando de literatura.

Editor Entrevista:
Seu mais recente romance é guiado durante toda a história pelas cartas do detetive Dupin a uma mulher chamada Lua, e mesmo quando o detetive se mata, as mais de mil cartas vão guiar o detetive Alex dentre toda a intriga, e portanto: ser um verdadeiro timão para o destino de todas as personagens. Ao fim do livro há uma dedicatória para Luana Landini, Hiago, a pergunta é: até onde a pessoa a quem você dedicou esta obra de pouco mais de quatrocentas e noventa páginas vai se assemelhar ao amor perdido da vida do detetive Dupin, que, segundo sua história, perdeu a Lua por não ter condições financeiras de ficar com ela?

Hiago Rodrigues Reis de Queirós: Não foi o detetive suicida Dupin (nome em homenagem ao Poe) que escreveu aquelas cartas à Lua, mas sim eu que as escrevi à Luana. Esta história só é tão grande porque nela, durante um ano, eu resolvi minha vida: tanto meu embate com meu irmão (mostrado entre as personagens Átom e Alex) como tirei de mim a dor de perder a Luana; e sabem... com esse livro, e só no meu nono romance, foi que percebi que quando a história está no papel ela deixa de existira para mim. Assim como O Poeta matou sua esposa, assim como o Félix matou os mendigos... assim como o Destino encontrou seu substituto, Átom encontrou Isabel e seu irmão e o detetive Dupin encontrou a Lua... e todos se mataram - infelizmente, o que me mostra que só resolvo meus personagens com a morte, e matando-os, acabo resolvendo meus problemas... minhas tragédias.

Editor Entrevista:  Não acha este livro de difícil leitura, por conta das "494 páginas em letras minúsculas" (suas palavras)?

Hiago Rodrigues Reis de Queirós: Sim... foram minhas as palavras de "letras minúsculas"... geralmente o tamanho da fonte é 11 ou 10,5; a deste livro tem 9,5, e 494 páginas... com uma densidade média de 30 linhas por parágrafo, o que deixa a leitura bem pesada, mas garanto: nesta única história há setenta e três histórias interligadas... há dezesseis crimes, dois julgamentos, e isso tudo de forma ambígua, sem por ninguém como mocinho ou vilão, afinal: sou Realtragista... em suma: esta é uma história impossível de ser desistida de ler, pois durante um ano cerrado trabalhei para fazer um efeito dominó com as histórias, onde o fim só é entendido se o começo for lido. Um belo exemplo é que o começo é uma repetição do fim (novamente em homenagem ao Poe, com seu conto: A Carta Roubada).

Editor Entrevista:  Esta então pode ser considerada uma história policial?

Hiago Rodrigues Reis de Queirós:  Não... é uma história que tem policiais e alguns elementos do romance policial, mas vai muito, mas muito mais além, pois há o dois romances, quatro vinganças, dois psicopatas e três obsessões, além de todo o sentimentalismo frio que tive que montar para descrever a pessoa de Átom, que não consegue nem amar nem odiar ninguém. Uma história policial é muito superficial para mim... é daquelas que se você ler uma vez, e sabendo o final, nunca mais a lerá... este livro é quase impossível de ser entendido completamente na primeira leitura, e isso não só por sua densidade, mas também pela psicologia das personagens, como por exemplo o Dólar, que vende a esposa e a filha para uma cafetina e depois se mata por descobrir que a filha dele: Isabel, se vingara... ao seduzí-lo e ter com ele relações sexuais.

Editor Entrevista:
Hiago, você disse ser até um pouco moralista por não escrever nem palavrões e nem cenas explícitas de sexo - e um exemplo disso temos no Olhares Em Eclipse, que como você nos disse: há prostitutas, sexo, traição e até um pai que é seduzido pela filha; podemos considerar então que você deixou de lado esta sua "moralidade"?

Hiago Rodrigues Reis de Queirós: Sou um sujeito amoral, ou seja: provocador, e em primeira instância: Realtragista, portanto o assunto do sexo e da vulgaridade também tem que ser por mim posto à discussão, o que não o faço de maneira suja e até safada e nem muito menos hipócrita. Descrevo a cena como ela é, sem fazer apologia ao sexo e à vulgaridade. Acho que a literatura é mais do que isso e não nisso pode se basear, mas sim nos sentimentos... por este motivo a prostituta Isabel seduz e faz sexo com o pai que a vendeu: por sentimentos (vingança), e não por fetiche. Entende?

Editor Entrevista: Há algo de novo em seu próximo romance, em relação aos outros já publicados?

Hiago Rodrigues Reis de Queirós: Acho que não... só um Hiago com uma prosa mais cruel e mais desenvolvida. - Ah!... e feminista também, pois minha protagonista está narrando toda a história à sua óptica, que é a mais cruel e mais feminista possível. Termino até setembro a história.

Editor Entrevista: Seu livro de poesia: "Aos Repiques da Caneta de Dores" será lançado em Portugal no fim deste mês. Pode nos falar algo sobre este livro? Por que publicá-lo em Portugal?

Hiago Rodrigues Reis de Queirós: Na carta ao leitor, eu me apresento e conto sobre como escrevo: sento no chão do meu quarto apagado, no meio da magrugada, com um monte de folhas coloridas, uma vela acesa e minha caneta na mão... e assim escrevo uns dez poemas. Ao fim da madrugada estou capengando de sono, e então, já quase fechando os olhos, escrevo um poema e o guardo. Este não publico, guardo para o dia seguinte, para, após lê-lo, jogar fora.
Durante o mês de novembro do ano passado eu não joguei nenhum fora, pois no primeiro que li percebi que estava muito bom. Assim guardei todos os do mês, e chegando dezembro deixei de escrever pela madrugada, e restaram-me trinta poemas, que decidi mostrar a outro público: o português.

Editor Entrevista: Segundo a Corpos Editora, este livro chegará o Brasil até o meio de julho. Há muita diferença dos poemas deste para os dos seus outros livros?

Hiago Rodrigues Reis de Queirós: Sim, mas suponho que ele já soe diferente por ter sido publicado primeiramente em Portugal e só depois aqui.
Editor Entrevista: Abaixo está a capa do livro de poesia: "Aos Repiques da Caneta de Dores".

(Querido visitante: não perca a 4ª parte da nossa entrevista com Hiago Rodrigues Reis de Queirós, que será publicada aqui mesmo, dia 30/06, às 22:00 hs.)

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