Hiago Rodrigues Reis de Queirós - 1ª Parte

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Vamos à entrevista!

Editor Entrevista:  Olá Hiago! Depois desta épica apresentação, com dizeres e tachares sobre você e sua fama, o que tem a comentar, tanto sobre a apresentação como sobre a entrevista?

Hiago Rodrigues Reis de Queirós: Acho minha fama menos interessante a mim do que minha literatura, minha poeticidade e criatividade com minhas histórias e personagens. Me preocupo mais com isso: com a literatura... pois é isso o que eu faço. Já a fama quem faz são os leitores, a eles devemos perguntar o que acham. Já, sobre esta entrevista, acho muito simpático da parte de vocês, que há 4 anos atrás não quiseram me entrevistar, estarem agora com estas perguntas. Isso mostra que naquela época eu realmente não estava pronto para algumas perguntas... que só depois foi que me fiz, como, por exemplo: será que sou um escritor medíocre?

Editor Entrevista: Que bom que não há recentimentos da sua parte, Hiago, e, sentimos muito em afirmar que não era a época, realmente, para uma entrevista, pois você era menor de 18 anos. E que engraçado dizer isso do escritor que atualmente mais vem publicando para a literatura, você não sente como que um peso constante essa idéia de que escritor jovem é escritor medíocre?

Hiago Rodrigues Reis de Queirós: Bem, escritor medíocre, na minha opinião, é aquele ser que escreve uma historinha ali ou uns versinhos aqui e sai dizendo para Deus e o mundo que é escritor. Eu não... escrevo 12 horas por dia, inclusive aos sábados e aos domingos, e isso não por ambição, mas por ter ainda muitas personagens a revelar em histórias, e sentir que o meu tempo está se acabando. Ser medíocre é escrever para os outros... é ser mercadológio: escrever sobre o que está vendendo e não ter um estilo próprio, uma literatura particular e peculiar. Isso é ser medíocre, e tem muito escritor da minha idade que é,  pois acha que é fácil ser escritor... e eu sei que nesse meio sou um de poucos jovens, mas já de aqui te aviso que não me vejo de jeito algum como "um escritor jovem", mas sim como um escritor, assim como meus velhos e barrigudos e corcundas e acadêmicos contemporâneos.

Editor Entrevista: Este tom narcisista de falar de si assim como de nada nem ninguém foi uma criação sua, ou sempre você foi assim e desta forma reconhecido pelos colegas?

Hiago Rodrigues Reis de QueirósQue nada... sempre fui assim. Meus colegas me chamavam de: O pequeno Goethe, por nunca me simpatizar com texto literário algum. É por causa de uma das discussões entre o Gothe e o Schiller sobre o gênio, onde o autor do Fausto afirmava que o gênio era incapaz de copiar até a si mesmo, enquanto Schiller dizia que o gênio re-criava a si e a tudo constantemente, mas de outra forma. Resumindo: nunca tive falta de ego o bastante para copiar ou ficar fazendo alusões a outros escritores, a não ser a Goethe, por causa desta passagem... e admito que me sinto um pouco até recolhido se tenho que admitir a influência de algum autor... autores que li só porque precisava de bases literárias.

Editor Entrevista: Górki, Dostoiévski, Sartre, Victor Hugo, Kafka, Nabokov, Tolstói, Kundera, Knut Hamsun... e os filosofistas... além destes, quais são seus autores de influência, poderia nos dizer?

Hiago Rodrigues Reis de Queirós: Na única coisa em que essa história de me chamar de medíocre me ajudou foi a buscar bagagem literária, ou seja: aprender a ler analisando os textos, os romances, os contos e poesias da literatura universal, e com ela aprender a arranhar o latim, o francês, o russo e o inglês. Fora estes que vocês citaram, aprendi com: Edgar Allan Poe, Albert Camus, Samuel Beckett, Honoré de Balzac, Marcuse, Proust, John Steinbeck, Freud, Guillermo Arriaga, Jomard Muniz de Britto, Pablo Neruda, Gabriel Garcia Marquez... e tantos outros que nem vale citar porque me ajudaram a perceber como "não fazer literatura", a um exemplo de Nietzsche.

Editor Entrevista: Muitos te chamam de "o estrelinha da literatura". Você disse que: "a fama quem faz é o público", mas como também já disse: que não aplaude nenhum escritor além de si mesmo, diga-nos: como então você vê o papel do escritor dentro do mundo das celebridades?

Hiago Rodrigues Reis de Queirós: Acho que eu só tenho que me preocupar em ser eu mesmo, sabe?, sem ficar falando demais para chamar atenção, ou ficar seguindo estes tantos escritores que vendem aos milhões. Tenho que ser Hiago Rodrigues Reis de Queirós com todas as letras e o acento agudo sobre a letra "o". Se isso for notícia para vocês: tudo bem, mas não foi pela notícia que eu fui verdadeiro, mas para ter a certeza de que fiz tudo por mim. É complicado não se dizer celebridade quando os outros te dizem, tenho pensado muito nestes tempos sobre estes assuntos e o que defini foi que só tenho responsabilidade com a minha literatura, sem ficar me importando se o que eu fazer, dizer ou escrever vai soar bem aos jornalistas ou aos leitores. Afinal; se para mim mesmo eu já sou grande, para quem eu tenho que ficar encenando alguma grandeza?

Editor Entrevista:  Aqui você repetiu o termo: "minha literatura", poderia nos dizer o que é ou: como é esta sua literatura?

Hiago Rodrigues Reis de Queirós: Minha literatura é o Realtragismo, a densidade das personagens que não tenho medo em radicalizar por equlibrá-las na história, como por exemplo o menino Félix, do romance Hotel da Miséria Humana, que era um ser inocente, mas que, tentando salvar os mendigos condenados à morte no albergue acaba com a vida de todos os cento e quinze, e deliberadamente ainda. Ou seja: não tenho medo de mostrar uma loucura sã e consciente nas minhas histórias, e abusar da dor e do sofrimento para ir ao fundo do existir humano. Esta é minha literatura: uma busca trágica pelo profundo do ser.

Editor Entrevista:  Falando no Realtragismo, você acredita mesmo que valeu a pena recusar tantas entrevistas de revistas e jornais importantes e de difusão nacional só para não mostrá-lo como uma moda entre os escritores? E você? Já recusou alguma entrevista que perguntasse sobre ser escritor ainda jovem?

Hiago Rodrigues Reis de Queirós: Quando fui responder ao convite de vocês, a única pergunta que eu fiz foi: se vão me entrevistar como um escritor ou como um jovem que escreve. Para os outros entrevistadores de jornais e revistas importantes também fiz esta pergunta, e somente vocês me responderam que iriam me entrevistar como um escritor. Já sobre o Realtragismo posso dizer que tudo tem que acontecer e tentar ser acontecido ao seu tempo. Hoje o argumento Realtragista está mais forte, como tudo o que resiste ao tempo, e eu posso afirmar que não é qualquer um escritor que consegue compor uma prosa Realtragista não, viu?, para isso precisa de muito talento e muita força de vontade, pois penetrar a superficialidade dos fatos e dos sentimentos não é tarefa fácil, inclusive até se objetivarmos vender bastantes exemplares, e repararmos que os best sellers atuais são água com açúcar. Complica-se.